Nascido e criado em São Pedro do Corval, Egídio Santos começou na adolescência a aprender a arte da família. Hoje é o único oleiro na aldeia que mantém a arte tradicional.
Já aqui partilhei que o meu avô era oleiro e que em casa dos meus pais existem muitas peças em barro. Foram pensadas como utilitárias mas hoje são apenas decorativas e representam um legado da minha história familiar. Sinto, por isso, um carinho especial pela olaria e tenho procurado conhecer mais sobre sobre esta arte em Portugal.
São Pedro do Corval é considerado o maior centro oleiro do país. Em tempos já teve muitos artesãos em atividade mas hoje o número é bem diferente. Felizmente, e à semelhança doutros lugares, há pelo menos um que resiste à evolução e se mantém fiel à identidade geográfica.
Egídio Santos cresceu numa família de oleiros e desde cedo começou a aprender esta arte. A louça que sempre teve um caráter utilitário ainda hoje se mantém. Os potes são das peças mais versáteis, usadas para guardar queijinhos em azeite, fazer o cozido alentejano ou almece em fogo de chão, curtir azeitona e mais recentemente, como decoração de jardim. Os alguidares serviam para recolha do sangue na matança do porco e mas hoje usam-se na preparação de um dos pratos mais conhecidos da gastronomia alentejana: a carne do alguidar. As saladeiras, os pratos, copos e os jarros ainda continuam a usar-se na altura na refeição. Os assadores de castanhas em barro dão outro gosto a este fruto outonal.
A decoração, tarefa a cargo da mulher, também mantém este cunho ancestral: apenas um risco branco ou um bordo ou então os esponjados, por norma feitos a vermelho, verde, amarelo e azul.
Falo-lhe do trabalho do senhor Xico Tarefa e da tradição oleira desde a Tia Rita.
–Sim, ele também mantém o tradicional mas aqui ainda era ainda mais simples.
Contrariamente os outros oleiros, Egídio Santos usa apenas barro português, em terrão, que trabalha na máquina apenas com água. Depois coloca-o na roda e começa a trabalhar.
Atualmente tem um forno a gás mas está a recuperar dois fornos a lenha, semelhantes aos da Casa do Barro, onde também já cozeu loiça.
No entanto, conta-me que também gosta de fazer outras coisas.
Mais ao fundo na olaria, meio na penumbra e carregado de pó vermelho, está um grande prato que Egídio Santos retira e traz para a luz.
–Molho os dedos e pinto com as mãos.
Desde novo que a sua criatividade e imaginação criam figuras estranhas. É o caso de Cristo na Cruz.
–São estas coisas que eu gosto de fazer mas infelizmente não tenho tempo para me dedicar a elas.
É um orgulho enorme que algumas destas obras de arte façam agora parte da minha coleção pessoal.
0 comentários:
Enviar um comentário