Felizmente que Volterra não é dos locais mais turísticos da Toscana. Não fosse ter ficado no Relais La Suvera e muito provavelmente faria San Gimignano-Siena duma assentada. E a perda teria sido enorme. É que Volterra é dos lugares mais invulgares porque consegue oferecer uma diversidade de opções a quem a visita. Se por um lado mantém o seu carácter medieval tão comum às congéneres cidades, conserva ainda um vasto património etrusco e romano.
Quando li acerca dos vestígios romanos que Volterra ainda hoje conserva achei que era impossível não parar, até para ver algo um pouco diferente. E foi exatamente isso que aconteceu.
Como sempre, os parques de estacionamento são fora das muralhas (e caros). Ultrapassadas estas primeiras diligências, quis colocar na minha lista de prioridades visitar o teatro romano. Há miradouros que permitem tirar a típica foto postal mas comprando o bilhete é possível circular nos antigos corredores das bancadas e avistar o frontispício, muito semelhante ao teatro romano de Mérida.
Passando a Porta Fiorentina entro na Volterra toscana, de ruas estreitas e sinuosas, algumas onde o sol entra com dificuldade. Rapidamente percebo que são mais os volterranos do que turistas, o que me permite sentir uma Itália mais genuína. Há muito comércio onde também se podem adquirir o queijo pecorino e vinho mas também o alabastro, trabalhado por artesãos locais.
A Pinacoteca e Museo Civico valem a visita, não sendo, no entanto, extraordinários. Como presto sempre muita atenção às legendas, encontrei um retábulo de Álvaro Pires d'Évora, um pintor português do século XV.
O Museo Etrusco Guarnacci já necessita de mais tempo. O pequeno jardim exterior está mal cuidado e não tem grande vista mas ao longo das dezenas de salas está exposto de vasto conjunto de vestígios etruscos, sobretudo urnas funerárias, mas há também objetos de uso quotidiano, mosaicos, estátuas e estelas. Estes locais são verdadeiros paraísos para mim e é muito fácil perder-me nas salas, percorrer os mesmos espaços várias vezes, não me cansar das peças. Penso sempre na arqueóloga que nunca fui.
É com esta nostalgia que regresso à ruas de Volterra. É hora de almoço e as lojas menos turísticas encerram. Apesar do bom tempo, há poucas esplanadas, já que os visitantes também não abundam. Encontro-os em maior número na Piazza dei Priori, apesar de muito mais tranquila do que noutras cidades.
Venho com a ideia de provar uma cecina, uma espécie de pizza muito fina feita com com farinha de grão de bico. De aspecto crocante e cor dourada, causou impacto visual mas achei uma desilusão na boca. Só conseguia sentir o sabor do grão, meio amargo.
Bem mais doce foi a visão que se seguiu. O exterior do Palazzo dei Priori assemelha-se a fachadas de San Gimignano, Montepulciano e até mesmo Siena mas a Sala do Conselho é qualquer coisa de extraordinário, repleta de frescos.
Infelizmente o Duomo estava encerrado para obras mas o batistério, com a figura de S. João ao centro, é igualmente bonito como o de Pisa.
Despeço-me de Volterra na acrópole etrusca, no que resta das paredes dos edifícios religiosos e civis e procurando o fresco da antiga cisterna.
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