No centro histórico de Évora, o M’AR De AR Aqueduto é um hotel boutique adaptado do antigo Palácio dos Sepúlveda. Conforto, requinte, design e um dos melhores restaurantes da cidade são alguns dos motivos para não deixar de o conhecer.
Gosto sempre de regressar a Évora. Além de ser dos meus locais favoritos no Alentejo, ainda consigo encontrar coisas novas para fazer. Por mais vezes que visite a Praça do Giraldo, a Sé, o templo de Diana ou o Museu, fico sempre com a sensação de que afinal havia ainda algo por descobrir.
Apesar de não ser assim tão distante de Lisboa e poder regressar no mesmo dia, quando se viaja com crianças, é melhor pernoitar uma noite. Desta vez fiquei no hotel M’AR De AR Aqueduto, que como o nome indica, localiza-se junto a este grande legado dos romanos. Um dos pontos fortes deste hotel é ficar muito perto das principais atrações, o que me permitiu estacionar na garagem subterrânea à chegada e não ter de voltar a conduzir.
A fachada ainda conserva três janelas Manuelinas, já que o hotel está localizado no antigo Palácio dos Sepúlveda. Os candelabros de parede dão-lhe um toque de modernidade, que irei também encontrar pelo hotel. Cruzando a porta, num pequeno corredor de acesso à receção, explica-se na parede porque faz sentido este M`AR no Alentejo.
O check-in é simpático, com informações gerais dos horários e indicação do quarto, mas sem acompanhamento. Fico no piso térreo, numa suite. Dispõe de uma sala de estar com sofá, televisão, mini-bar e roupeiros com imensa arrumação. O quarto apresenta tons claros e cama em dossel. Há duas zonas de banho em separado (chuveiro e banheira) assim como amenidades disponíveis da Azzaro e Castellbel. Pendurado, encontro o meu inseparável roupão.
Num bonito dia de sol de inverno, aproveito para conhecer o espaço exterior. Junto a alguns dos quartos, que têm uma pequena área de estar com espreguiçadeiras, há uma agradável zona relvada com plantas e uma antiga talha a decorar. Em pano de fundo, o aqueduto da Água de Prata.
A piscina é de dimensões generosas (também existe para crianças) com bastantes espreguiçadeiras e chapéus de sol. Na ausência de uma piscina interior, é uma pena que um espaço tão agradável não disponha de uma cobertura, com climatização adequada, para que possa se disfrutada nestes dias.
Regresso ao interior onde está bem mais agradável, já que entretanto se levantou uma brisa fria. De todas as vezes que passo junto da receção há sempre alguém sentado ou à espera para experimentar os três “ovos”. São, sem dúvida, uma imagem de marca do hotel M’AR De AR Aqueduto, a provar que o design e antiguidade podem partilhar o mesmo espaço.
Encontro alguns dos vestígios mais antigos do Palácio dos Sepúlveda à entrada do restaurante Degust`AR. No teto em abóboda ainda é possível ver alguns frescos. Ao jantar, a sala em tons púrpura, ambiente a meia luz e arcos de ferradura, apresenta um ambiente requintado e muito tranquilo. As cadeira são excelentes, muito confortáveis, ideais para um jantar que iria demorar algumas horas, já que a escolha recaiu sobre o menu de degustação.
O couvert é constituído por pão tradicional, de azeitonas e passas, azeite, patê de grão com especiarias, azeitonas com laranja e alho e uma manteiga de cabra da qual não sobrou nada.
Para primeira entrada veio uma vieira com puré de couve-flor e espuma de marisco. Vieira bem corada, puré muito macio e a espuma a acrescentar um toque diferenciador.
Seguiu-se uma pasta de sapateira com salada de alface à alentejana. Massa verdadeiramente crocante e a hortelã a acrescentar muita frescura e a provar porque é que o chef António Nobre é conhecido pela sua mestria no uso das aromáticas.
Ambas foram harmonizadas com um Vinha D’Ervideira branco. Antes de ser servido, (este e todos os restantes vinhos) verificou-se a temperatura da garrafa, do copo e apresentou-se uma breve explicação).
Seguiu-se um salmonete com puré de aipo e legumes, com a aromática igualmente macia e a desejar que o filete fosse um pouco maior de tão bom que estava. Acompanhou com um Montes Claros Reserva Branco, feito a partir das castas Antão Vaz, Arinto, Roupeiro e Verdelho, com passagem por barrica, o que já lhe confere outra estrutura.
O naco de novilho em crosta de farinheira, creme de castanha confitada, ragù de legumes e batata e folha de espinafre fresca soube-me mais a Alentejo, com os sabores muito equilibrados. Foi harmonizado com um Vinha D’Ervideira Tinto, servido a 14ºC, que teve um estágio em barrica de carvalho francês durante 6 meses.
Como pré-sobremesa foi servido uma bola generosa de gelado de manjericão com maçã ácida, que abriu caminho para a sobremesa propriamente dita: sopa dourada, sericaia com ameixa d’Elvas, encharcada e gelado de limão. Aqui sim, o Alentejo bem presente, com algumas das suas melhores iguarias.
O serviço foi simpático, o serviço de vinhos muito completo e o restaurante Degust’Ar, é sem dúvida uma referência em Évora e no Alentejo.
Regresso ao grande corredor de tons pastel. Nesta noite fria, é bom entrar na minha suite bem quentinha. Fecho a porta e apenas há silêncio absoluto.
Ao pequeno almoço, a sala continua igualmente bonita. A Ana Silva, que me serviu ao jantar, dá-me os bons dias. Prometi ao meu filho que podia comer uma fatia de bolo caseiro mas prefere o pão alentejano. Acompanho-o na sua escolha, com um pouco de compota. Nos seus afazeres, despeço-me da Ana.
–Até breve. – diz-me.
Fosse já amanhã.
M’AR De AR Aqueduto
Rua Cândido dos Reis, 72
7000-782 Évora
www.mardearhotels.com
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