Caminhos Cruzados

Numa das regiões mais tradicionais de Portugal, os Caminhos Cruzados assumem-se como o “novo Dão”. Construiu-se uma adega arrojada arquitetonicamente, plantaram-se vinhas novas e Lígia Santos, também ela muito jovem, dá a cara por este projeto.

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O dia era destinado a conhecer os projetos enoturísticos de Nelas por isso era imperativo visitar os Caminhos Cruzados. Com o crescente adensar do nevoeiro, ao aproximar-me do novo edifício em betão armado, poderia confundí-lo com a paisagem, não fosse a vincada identidade da construção. Uma obra pensada para a produção de grandes vinhos do Dão mas também com uma forte vertente enoturística.
O acesso empedrado conduz-me à entrada da adega, um projeto da autoria do arquiteto Nuno Pinto Cardoso.

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Cruzando as portas, já a Sofia Mesquita me aguarda para iniciarmos a visita. Ponderamos uma caminhada pelas vinhas, uma vez que ameaça chover a qualquer momento. Eu sei que é sempre mais bonito vê-las quando têm as folhas verdejantes ou carregadas de fruto mas a beleza está nos nossos olhos e de quem nos conduz. E a Sofia Mesquita será das melhores pessoas para o fazer. Natural de região, com formação em Turismo e posteriormente em enologia, conjuga dois mundos num: o gosto por mostrar o melhor do Dão com o enoturismo.
Por caminhos de terra percorremos alguns dos 17 hectares da propriedade, que além de vinha, tem também animais. No entanto, os Caminhos Cruzados têm 32 hectares de vinha no total, com parcelas em Santar e Nelas. Ao fundo vejo o burro Chico mas o que me preocupa são os dois cães que correm galopantes na minha direção.

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Apesar de na família já se fazer vinificação artesanal há mais tempo, só desde 2012 o projeto Caminhos Cruzados foi levado a sério. Houve necessidade de construir uma nova adega que demorou dois anos a ser concluída e que já recebeu a vindima de 2017. Foi também o ano em que a produção duplicou, contando já com 500 mil garrafas.
Atualmente, os Caminhos Cruzados só produzem vinhos com castas tradicionais do Dão (Touriga Nacional Jaen, Tinta Roriz, Alfrocheiro, Malvasia-Fina, Encruzado e Bical) mas a plantação de castas internacionais certamente trará novidades a seu tempo.

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Do céu não caiu uma pinga e acabo por regressar à adega enxuta. Prosseguimos então a conhecer os três pisos, onde o betão está sempre presente: sala de provas, cozinha, escritórios e salas de reuniões. No alpendre do piso superior pode observar-se a paisagem sobre as vinhas da Quinta da Teixuga. A sala das barricas é sempre o momento mais aguardado, onde repousam os néctares dos Caminhos Cruzados. À frente da equipa de enologia estão Carlos Magalhães e Manuel Vieira (conhecido como o pai do Encruzado).

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Terminada a visita, regressamos ao piso térreo e à sala de provas. Neste dia tipicamente de inverno na Beira, sabe bem a lareira acesa. Em cima da mesa estão os vinhos Titular, a imagem de marca dos Caminhos Cruzados, lançada em 2012. Os rótulos são inconfundíveis, simples com um breve apontamento de cor e a assinatura é de Coelho dos Santos, o avô de Lígia.

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Iniciou-se com um Titular Colheita Branco 2015, feito a partir das castas Encruzado, Malvasia Fina e Bical. Este entrada de gama apresentou-se bastante fresco e frutado, ideal para uma refeição leve nos dias de verão.
O Titular Encruzado Branco 2015 já revelou mais complexidade, fruto da passagem por barrica de carvalho francês.
Passamos aos tintos. Primeiro um Titular Jaen, servido ligeiramente refrescado, o que lhe acentua ainda mais a frescura e terminamos com um Titular Alfrocheiro, um vinho com vincada vertente gastronómica.

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Após escolher os vinhos que iria adquirir e me despedir da Rita, regresso ao carro, já com a noite a cair. Olho uma vez mais para este edifício e penso em tudo o que vi. Os Caminhos Cruzados não são uma adega com história nem têm um passado para dar continuidade. Este “novo Dão”representa o futuro e esse sim, terá uma história para contar.

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Caminhos Cruzados
Rua de Carvalhal, nº 50
3520-011 Algerás – Nelas
www.caminhoscruzados.net

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