No concelho de Penacova existe um dos mais importantes núcleos molinológicos de Portugal. Em 2016 foi inaugurado o Museu do Moinho Vitorino Nemésio, um excelente complemento à visita.
Faço o IP3 com alguma regularidade. Principalmente nas épocas festivas, é comum haver algumas filas que implicam abrandamentos ou mesmo paragens forçadas. Foi num desses momentos que reparei nos moinhos de Penacova. A imagem ficou-me retida na memória para averiguar do que se tratava. Descobri que existem vários, assim como o Museu do Moinho Vitorino Nemésio. A oportunidade de o conhecer surgiu após uma visita ao Buçaco. A estrada não é a melhor, com curva e contracurva e sempre sob arvoredo cerrado.
Mas nem tudo é mau. A existência de sinalética é um sinal positivo de que se quer atrair pessoas. Como é um sítio alto, a vista já vale o caminho. Há alguns bancos onde é possível sentar e deixar o olhar perder-se até à Serra da Estrela. Em dias de céu limpo, consegue ver-se a torre.
O Museu do Moinho Vitorino Nemésio está localizado na antiga casa de férias do Engenheiro Arantes de Oliveira. É pequeno mas um bom aproveitamento do espaço permitiu albergar quatro núcleos expositivos: os cereais, os moinhos de vento, os moinhos de água e moinhos manuais.
O que desconhecia é que no final iria visitar um moinho ainda em funções: o antigo moinho de Vitorino Nemésio. Apesar de ser açoreano, estudou em Coimbra e trabalhou com uma senhora que morava no Carvalho. Sempre que a vinha visitar, subia à Portela. O seu amor aos moinhos fez-lhe dedicar passagens na sua obra, ser Presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos Moinhos e adquirir alguns para uso próprio. Este foi doado pela família à Câmara Municipal de Penacova, recuperado e hoje aberto ao público.
Lá sigo pelo percurso, passando por outros moinhos que estão na posse de privados, onde até é possível pernoitar. Há uns que estão recuperados e muito bonitos, outros dá pena ver o seu estado.
O moinho de Vitorino Nemésio é dos últimos. Como já é fim de dia e não há luz elétrica no interior, apresso-me para ainda conseguir ver alguma coisa. Quando a porta se abre, sinto um forte cheiro próprio de estar fechado mas que rapidamente se dissipa. Com cuidado subo a escada de madeira e lá chego ao andar de cima. Tudo está operacional.
Sem perder mais tempo, vou ainda visitar os moinhos de Gavinhos. Alguns estão bastante degradados mas também os há em reconstrução. Com o sol a desaparecer, o rosa funde-se com o azul, numa perspectiva diferente, sem filas.
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