A Quinta do Ameal é muito mais do que um hotel, uma casa de campo, um turismo rural ou um enoturismo. A Quinta do Ameal é o lugar que todos gostariam que fosse seu.
Este foi o ano que finalmente conheci Ponte de Lima. Durante três dias percorri as suas ruas, atravessei várias vezes as pontes e provei deliciosas iguarias. Mas se foi difícil acertar na data, escolher o lugar onde ficar foi extremamente simples.
O GPS levou-me pelo percurso mais longo (e pior) e ainda assim encontro sinalética com indicações para a Quinta do Ameal. À entrada do portão vejo das videiras mais jovens.O logotipo que conheço das garrafas não deixa enganar: cheguei.
O caminho até à casa principal não é longo mas percorro-o muito devagar e de janela aberta. As glicínias estão todas floridas e o cheiro é contagiante. Estaciono junto ao jardim, onde o Pedro Araújo me recebe como se fosse uma visita de sua casa e não uma hóspede. Acompanha-me à minha suite e começo de imediato uma experiência de rusticidade genuína que antevejo única.
A primeira sensação é de espaço: um quarto amplo, com casa de banho contígua, onde a banheira junto da janela capta logo a atenção. Além dos dois lavatórios, roupões, chinelos e de todas as amenidades, o enorme chuveiro para um banho partilhado é simplesmente maravilhoso.
A cozinha está bem equipada para quem quiser confeccionar uma refeição e não se deslocar a Ponte de Lima. Nos dias frios, a salamandra na sala criará um ambiente perfeito mas como o dia é de calor, vou conhecer um dos melhores espaços da minha suite: o jardim privativo. Olho para a mesa e imagino que serão aqui todas as minhas refeições, enquanto sinto os aromas da natureza, o som dos pássaros e avisto a serra que me lembra das minhas origens.
Reencontro o Pedro ao fim da tarde, que me acompanha numa visita pela Quinta do Ameal e me conta mais sobre a sua história. Adquirida na década de 90, após a venda da Ramos Pinto, (Pedro Araújo é bisneto de Adriano Ramos Pinto), com um objetivo muito claro: fazer grandes vinhos brancos a partir da casta Loureiro. Houve críticas, desincentivos mas Pedro manteve a sua ideia e rodeou-se de profissionais competentes: Anselmo Mendes na enologia e João Paulo Gouveia na viticultura. O resultado está à vista. A Quinta da Ameal é um projeto muito acarinhado por hóspedes e imprensa e os vinhos têm recebido excelentes pontuações dos melhores críticos.
Junto à Casa entre Bambus e Vinhas ficam alguns dos 15 hectares de vinha. A mais antiga tem cerca de 20 anos mas Pedro já avançou com replantações. Um sinal evidente da necessidade de expansão. Esta casa é indicada para famílias ou dois casais. Os bambus dão-lhe um toque exótico e os chuveiros exteriores remetem para paragens orientais.
Junto à casa principal fica a adega, pequena e simples, segundo Pedro Araújo. É aqui que ocorre todo o processo de vinificação.
– Para fazer brancos precisamos de três coisas: uma boa prensa, higiene e frio. E depois inspiração.
E é com este pensamento que regresso à sala comum da casa vermelha para a prova. Pôr do sol, uma leve brisa, jazz, três grandes vinhos e boa companhia. Inicio com um Ameal Clássico 2016, que ao ser servido, sinto logo a presença da casta loureiro, sem recurso a aromas adicionais. É feito a partir de uvas provenientes de toda a vinha, fermentadas em cubas de inox com temperaturas controladas e estágio de 4 a 6 meses em barrica.
Seguiu-se um Ameal Solo Único 2015, feito a partir de uvas provenientes de uma parcela que ficou afastada da quinta mas não esquecida. A ideia foi fazer um vinho com a menor interferência possível a nível enológico, o que lhe confere uma enorme personalidade. Uma verdadeira homenagem a este solo, com a mineralidade bem evidente.
Ao ver o Pedro servir-me o vinho, questiono-o sobre o rótulo. A imagem é proveniente de um livro de viticultura do século XV e o amarelo dá-lhe um toque clássico.
– Um vinho tem de ter qualquer coisa de tradicional. – afirma.
Termino com um Quinta do Ameal Escolha, que foi o primeiro vinho da casta loureiro a ser fermentado em barrica de carvalho francês, isto no ano 2000. É um vinho muito interessante porque tem presente notas da casta e da madeira mas sem uma ofuscar a outra. É um vinho mais gastronómico, ideal para acompanhar queijos ou peixes mais gordos.
Três vinhos a partir da mesma casta, da mesma vinha e totalmente diferentes. São vinhos de nicho, feitos sobretudo na vinha e muito pouco na adega. Sempre com um discurso muito terra a terra, sem demagogias nem a puxar dos galões, é visível o orgulho de Pedro Araújo nos seus vinhos.
À hora combinada encontro o cesto com o pequeno almoço à entrada da minha suite. É o primeiro lugar onde fico com este conceito. Acho ótima a ideia de não ter de me ausentar de um espaço tão especial mas faltou-me algo, como uma fatia de bolo caseiro.
Com o pequeno mapa, aventuro-me pelos caminhos da quinta, apesar de não haver riscos de me perder, uma vez que todo o perímetro está murado. Começo por explorar os oito hectares de mata (existem pinheiros com mais de 200 anos), sempre com o som forte do rio Lima por perto. Há várias zonas de descanso, ótimas para uma leitura, um copo de vinho ou simplesmente estar e sentir, preferencialmente em boa companhia.
Dedico o resto da manhã a preguiçar. Uma volta ao redor da piscina, experimento a temperatura da água e regresso à espreguiçadeira e às leituras. Há vidas piores.
Quinta do Ameal – Soc. Agr. S.A.
4990 – 707 Refóios do Lima – Ponte do Lima
www.quintadoameal.com
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