Na aldeia de Vinhó, perto de Gouveia, o Madre de Água Hotel Rural proporciona uma verdadeira experiência de campo num ambiente elegante e de grande tranquilidade.

Quem ainda não se rendeu ao GPS não terá dificuldade em encontrar o Madre de Água Hotel Rural. Logo à entrada de Gouveia encontro placas indicativas que se vão repetindo ao longo dos poucos quilómetros. Numa paisagem campestre, entre vinhedos, pinheiros e oliveiras chego ao hotel. Pena o vento já ter levado algumas folhas das videiras mas ainda se sente as cores de outono. A Serra da Estrela já acusa alguma neve. Num genuíno ambiente de quinta, o edifício principal não destoa. À antiga casa de pedra existente, tipicamente beirã, manteve-se o traço original e acrescentou-se o restaurante e os quartos. As éguas vêm ao meu encontro assim como o Amarelo, sedento de festas. Enrosca-se nas minhas pernas repetidamente, até que me baixe e o afague.


Encontro a Vanessa Santos na receção, que me recebe com um sorriso discreto mas sincero. Acompanha-me ao quarto, que não têm número mas sim o nome de castas nacionais. O meu é o malvasia fina.
Corro a grande janela e saio até à varanda, com vista para a piscina. No verão será apreciada nos dias de calor. Sinto um ar frio mas apesar de parecer um contrassenso, dá uma sensação de conforto. Oiço os chocalhos das ovelhas. Com elas não há feriados. Todos os dias são de ir para o campo.
No quarto predominam os tons terra, apenas com apontamentos de cor nas almofadas. A casa de banho é de dimensões generosas, em estilo francês, com banheira. Há roupões e chinelos à disposição, assim como secador.

À hora combinada regresso à receção para me encontrar com a Vanessa. É com ela que passo a tarde a conhecer a quinta. Uma das coisas que começa por contar é a origem do nome Madre de Água. Deve-se ao número de poços, quase uma dezena, sempre com água corrente o ano inteiro. Alguns foram reconstruídos, como a antiga nora.

Ao fim do dia tenho a possibilidade de participar na ordena das ovelhas. Depois de uma tarde muito bem passada, regressar ao hotel, tomar um banho quente e vestir um roupão macio era recompensa merecida. Mas a cereja no cimo do bolo foi mesmo não ter de sair ao exterior para jantar. Apenas fechei a porta do quarto e num minuto estava no restaurante.

Tinha a expectativa de ver a lareira acesa, não que o espaço estivesse frio, mas pelo conforto que induz. Apesar de haver algumas mesas ocupadas, o ambiente é muito tranquilo. Enquanto escolho, chegam à mesa alguns produtos da quinta: requeijão, queijo e manteiga de cabra, uma das melhores que já provei. A geleia da uva acompanha muito bem, assim como o vinho branco Perpetuum, elaborado à base de Gouveio e Encruzado.
À frente da cozinha do restaurante Madre de Água está o chef António Batista que não esquecendo as tradições locais, dá-lhe um cunho de autor. Para harmonizar dá-se preferência à prata da casa.
Comecei com um folhado de queijo Madre de Água, rúcula selvagem, frutos secos e mel de urze (8€).

O cabrito assado em prato de xisto (17,5€) é dos mais procurados e já mo tinham recomendado. Mesmo antes de reparar na apresentação cuidada, senti o aroma muito agradável. A dose é generosa e a couve salteada com broa estava realmente deliciosa. Foi só pena não vir um pouco mais quente. Foi acompanhado com um Touriga Nacional 2012.
Para sobremesa escolhi o leite creme (5,5€) que na carta diz ser o “melhor do mundo”. A inovação é que vem acompanhado com um gelado de arroz doce e canela, um miminho extra. Não faltou aquele toque crocante quando lhe bati com a colher.

O resto da noite é passada em leituras na sala de estar, confortavelmente sentada num sofá de couro, bem ao estilo inglês. O exterior do hotel é bem iluminado e como o frio não aperta em exagero, dou um pequeno passeio. Perante a casa de pedra recordo as minhas raízes beirãs. Regresso ao meu quarto para uma noite descansada. Apesar de na suite ao lado estarem duas crianças, não oiço qualquer ruído.

Na manhã seguinte encontro a Vanessa na receção com o sorriso que lhe é próprio. Acompanha-me à mesa, pronta para o pequeno-almoço. É o momento mais acolhedor, que me remete para um sentimento caseiro. Depois de trazer o leite e café, explica-me o que tenho para o repasto: além da charcutaria, há vários produtos da quinta, como o requeijão e queijo. Num pequeno prato, três tipos de iogurtes caseiros, com curgete e uva branca e as compotas de maçã, uva tinta e nectarina. Adorei a marmelada caseira, que acompanhou muito bem com o bolo. O pequeno-almoço da Quinta de Madre de Água arrasa em qualidade e sabor.

O resto da manhã passo-a a percorrer os caminhos da quinta, a revisitar os animais e a recordar o passeio do dia anterior. As éguas voltam ao meu encontro e no canil encontro os cães mais tranquilos, agora que já me “conhecem”.

Antes de sair levo alguns produtos de que gostei particularmente. Informam-me onde os posso adquirir em Lisboa mas indo do produtor sabem ainda melhor.
Madre de Água Hotel Rural
Vinhó, 6290-651 Gouveia
http://quintamadredeagua.pt
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