Bordéus tem boa gastronomia, dos melhores vinhos do mundo e um turismo na dose certa. Bons motivos para a colocar como próximo destino a descobrir.

Chego a Bordéus ao fim da tarde. Em marcha lenta, junto ao rio Garonne, posso com as devidas precauções admirar a arquitetura que me recorda Paris. Casario baixo, pedra em tons de amarelo, filas de candeeiros que de repente começam a brilhar. Com os olhos na Porte de Bourgogne, sigo para o lado oposto, pela Pont de Pierre. É aqui que vou pernoitar.
Apanho o elétrico bem cedo. Volto a atravessar a ponte, juntamente com dezenas que pessoas que fazem deste o seu transporte para mais um dia de trabalho. Saio no Hôtel de Ville e procuro uma boulangerie para tomar o pequeno almoço. Um café au lait e um croissant acabadinho de fazer.
Na Place Pey Berland não há grande movimento. Começam a aprontar-se as esplanadas para o almoço, ainda que o céu ameace chover. Às 10h em ponto abrem-se as grandes portas da Cathédrale Saint-André. No interior, o relógio confirma com as sonantes badaladas. É escura, a necessitar de algum restauro mas com bonitos vitrais que lhe dão um ar menos tristonho.

Mas Bordéus está cheia de lojas para descobrir. Calmamente, começo pela Rue des Remparts, sem pressas, porque onde quer que entre, vou demorar. São os sabonetes de Bordéus na Occitanie, os produtos à base de oliveira na Oliviers & Co, a imensa variedade de chás na La Boutique du Thé, já para não falar das galerias de arte e nas esplanadas com as toalhas aos quadros e ementas expostas.
A meio da manhã é o momento perfeito para uma paragem no Café Baillardran e provar a iguaria local: o canelé. Assemelha-se a um pequeno pudim de sabor forte mas não muito doce. Pode ser vendido à unidade ou em caixas. Não o acho extraordinário.

Regresso ao Cours de l’Intendance para descobrir outros sabores. Destaco a loja de queijos Jean d'Alos, a Caviar Galerie e a Lafitte. Sempre que vou a França tenho de comer macarons e chocolates. A Cadiot Badie é imperdível, a Larnicol fica num dos locais mais turísticos e a La Maison Darricau tem a particularidade de vender bombons de vinho.
Na mais famosa região de vinhos do mundo não posso deixar de conhecer as lojas de referência. Junto à Place de la Comédie, bem perto do Grand Hotel e da Ópera, entro em duas. O L'Intendant tem quatro andares repletos de garrafas, ao longo da escadaria em caracol. Já a La Vinothèque é mais pequena e os vinhos estão dividos por regiões. Além dos Premier Grand Cru Classé A que estão numa zona reservada, todos os outros encontram-se expostos em prateleiras ou caixas de madeira. Há também uma secção dedicada aos vinhos do mundo, onde encontro duas referências portuguesas, uma do Dão e outra do Douro.

A Rue Sainte-Catherine é das mais movimentadas. É necessária constante atenção aos ciclistas e skaters. Alguns têm o cuidado de alertar mas por vezes apanha-se bons sustos. Além das conhecidas Galeries Lafayette, há um sem número de lojas de marcas mais democráticas com um constante entra e sai.
O bom das cidades francesas são as praças, verdadeiros refúgios ao bulício das ruas, onde não são permitidos automóveis e apenas destinadas a pessoas. Aqui é possível sentar numa típica esplanada, com as mesas redondas e cadeiras empalhadas e disfrutar de uma bebida enquanto se admira a arquitetura característica.

O Monument aux Girondins é excelente para uma paragem. Além do bonito trabalho de pedra, da imponência da quadriga, acrescido da beleza da água, é um sítio bastante tranquilo e opção de muitos locais para um piquenique em grupo ao almoço.
Mas é na Place de la Bourse que me reconsilio com Paris, a cidade que muitos adoram mas que para mim não simboliza a verdadeira França. A uma escala menor, Bordéus tem boa gastronomia, dos melhores vinhos do mundo e um turismo na dose certa. O espelho de água é um espaço partilhado por todos. Há crianças em fato de banho a chapinharem, cães correm incansáveis atrás da bola e jovens casais namoram descalços enquanto olham para o Garonne. Não me restam dúvidas: Bordéus é a minha Paris.
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