O The Yeatman Hotel proporciona experiências únicas para os amantes do vinho.

Um dos motivos que me levou a conhecer o The Yeatman Hotel é a sua ligação ao vinho. Já visitei muitas adegas e quintas mas nunca estive num hotel vínico. O The Yeatman estabeleceu parcerias com alguns dos melhores produtores de vinhos portugueses com os quais mantém uma estreita ligação, seja através de jantares vínicos ou eventos que organiza. A própria disposição do hotel remete para os socalcos no Douro vinhateiro e a piscina exterior tem a forma de um decantador. A referência ao vinho faz-se notar em muitos aspectos da decoração. Nos elevadores há imagens das vinhas e da adega da Taylor’s. Nos corredores há mapas a recordar os trabalhos no Douro. Talvez o mais curioso é que estes parceiros têm a possibilidade de personalizarem um quarto e dar-lhes o seu nome. O meu ficou a cargo do Monte da Ravasqueira.

É a Beatriz Machado, diretora de vinhos, que seleciona e prova todos os vinhos. O The Yeatman Hotel tem mais de 1000 referências de vinho português, com um stock entre 25000 e 30000 garrafas. É possível visitar a garrafeira organizada de acordo com as regiões vínicas de Portugal.

Começo pelo Douro, com nomes sonantes como a Quinta do Crasto e Quinta Nova, mas também há lugar para produtores mais pequenos, como a Quinta da Casa Amarela. Segue-se a Bairrada, com destaque para os vinhos da Adega Luis Pato e o uso da baga. No Dão recordo a visita à Casa de Santar e Quinta do Cabriz. Na zona de Lisboa há vinhos da Quinta de Pancas, Quinta de Sant'Ana e também da Quinta de Monte D’Oiro. Bastou pegar na garrafa de Madrigal para recordar as palavras da Graça Gonçalves ou a homenagem de José Bento dos Santos a António Carqueijeiro.


O Alentejo é a região melhor representada. Termino no Minho com alguns exemplos da Quinta da Brejoeira. Há também uma secção mais destinada ao restaurante gastronómico, com vinhos franceses, espanhóis e italianos. E bem no fundo encontro um pequeno tesouro: algumas garrafas de Chateau d'Yquem.

Todos estes vinhos estão disponíveis para consulta no wine book, exposto no Dick’s Bar. É um livro longo que pode desmotivar os que pretendem uma experiência vínica. Para facilitar a escolha dos hóspedes, existe o wine journal. Contempla 82 referências a copo, disponíveis 24 horas, em qualquer parte do hotel. Estão organizadas por tipos de vinho e não por regiões, com uma pequena descrição, sem entrar em pormenores técnicos que muitos desconhecem.

É a pensar nestas histórias que me dirijo ao Dick’s Bar para uma prova de vinhos wine flight. No terraço o ambiente não podia ser melhor: pôr do sol, uma temperatura fantástica para a época e a vista soberba para o Porto. Dentro de portas, está-se igualmente bem: o piano dá a envolvência certa para se disfrutar do requinte e elegância do espaço.
Depois da prova de vinhos do Porto e chocolates no The Vintage House Douro imagino que será algo semelhante mas não. Começo por escolher o tipo de vinho que pretendo (Porto, claro) acompanhado por uma seleção de aperitivos. Depois é dado tempo para me aperceber das particularidades de cada e tomar as minhas notas.

Começo por um Taylor’s Chip Dry, um Porto de aperitivo, servido ligeiramente fresco, perfeito para iniciar uma refeição. Segue-se um Dow’s Colheita Port 2002, um tawny, e termino com um Fonseca Guimaraens Vintage 1995. É um vinho com uma cor intensa, grande suavidade e final de boca longo. Esta experiência acaba por ser diferente do que inicialmente previ mas mais interessante. Feita ao meu ritmo, com chamadas de atenção para pequenos pormenores, sem menções exageradamente técnicas. É uma prova mais acompanhada do que comentada.

Alguns dos vinhos que provo estão para venda na loja do The Yeatman Hotel. É uma surpresa encontrar lá a Beatriz Machado. Já passa da hora de fecho mas como a loja está aberta, entro. Infelizmente não é uma conversa longa como gostaria mas o tempo suficiente para me aperceber do seu domínio sobre o tema. Pego numa garrafa de Madrigal. A Beatriz dá-me outras sugestões da casta viognier. O que é desarmante é que não diz que os vinhos são de determinada adega mas indica o nome da pessoa e conta uma pequena história. Tudo isto com uma enorme simplicidade.

No final da minha estadia, a experiência vínica que imaginava ter foi em muito superada. Nos vários terraços, recordei a minha visita ao Douro; na garrafeira, senti os aromas dos vinhos que já provei e no meu quarto voltei a lembrar que o Monte da Ravasqueira é um destino há demasiado tempo adiado. Talvez seja a próxima quinta a conhecer.
The Yeatman Hotel
Rua do Choupelo (Santa Marinha)
4400-088 Vila Nova de Gaia, Porto
http://www.the-yeatman-hotel.com/pt/
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