Bruges, uma pequena cidade medieval da Flandres, surpreende pelos seus canais, edifícios e lojas tradicionais. O centro histórico está considerado como património mundial da UNESCO.

Ficar alojada em Gent é uma excelente opção como ponto de partida para conhecer algumas cidades da Bélgica. É na estação Sint-Pieters que apanho o comboio e em cerca de 30 minutos estou em Bruges. Ambas as cidades têm muito em comum mas Gent é menos turística e por isso ainda é mais “autêntica”.
Como em todas as viagens levo um plano de visita mas se dúvidas houvessem sobre para onde ir, era só seguir o fluxo de pessoas. A minha primeira paragem é no Begijnhof, local de habitação de beguinas, fundado no século XIII. Actualmente não mora nenhuma mas o espaço está preservado e é possível circular no terreno muito verdejante, ocupado por enormes árvores e casas brancas.

Inicialmente não tinha intenção de visitar nenhum museu mas acabo por entrar no Sint-Janshospitaal (antigo Hospital de São João). Além dos objectos médicos usados na época medieval e da antiga farmácia, o verdadeiro tesouso e absolutamente imperdível é o Relicário de Santa Úrsula de Hans Memling.
A torre da Onze-Lieve-Vrouwekerk (Igreja de Nossa Senhora) vê-se à distância e é para lá que me dirijo. Há três coisas a destacar: o púlpito, os túmulos em bronze de Carlos, duque da Borgonha e sua filha e a estátua da Virgem com o Menino, da autoria de Miguel Ângelo.
Olho para o relógio e vejo que o fim da manhã se aproxima. Apresso-me a chegar ao Markt, a praça central, onde está a decorrer o mercado. Além das bancas de frutas e legumes, gosto de ver os grandes queijos, partidos a gosto do cliente, sempre com uma prova prévia. Acabo por me deixar seduzir pelo doce aroma que vem da carrinha das gauffres. A fila é grande mas decido esperar. Servida apenas com açúcar em pó e um tamanho de fazer inveja.


Apesar da praça estar cheia, dá para perceber a beleza das empenas das casas das guildas, hoje ocupadas com lojas e restaurantes, das fachadas coloridas e da imponência do Belfort (campanário). Quem tiver pernas pode subir os 366 degraus e ter uma vista panorâmica sobre a cidade.

Percorro a pequena Breidelstraat onde além das lojas de rendas, há a La Cure Gourmande. Nunca deixo de entrar e aceitar um biscoito que as senhoras gentilmente oferecem. É sempre difícil quais escolher, já que todos são deliciosos e com excelente apresentação.
Sigo para o Burg, o centro da velha Bruges. O edíficio do Stadhuis (Câmara Municipal) destaca-se pela fachada gótica mas a beleza das pinturas no seu interior é mais impressionante. Entro ainda na sala renascentista do Brugse Vrije para ver o fogão de Carlos V, uma enorme peça de madeira esculpida.

A partir daqui, abandono o meu roteiro predefinido e rendo-me ao encanto das ruas e dos canais. Entro em lojas de cerveja, com prateleiras apinhadas de pequenas garrafas com rótulos coloridos. Os bares são ideais para disfrutar de uma cerveja local, servida em copos de diversos feitios e tamanhos. O que se encontra junto ao Rozenhoedkaai é dos mais concorridos, já que este é dos principais spot’s e onde se apanham os barcos que fazem passeios nos canais. As filas podem ser desesperantes mas quem quer mesmo fazer, terá de aguardar.


Se durante a manhã corri contra o tempo, de tarde caminho calmamente. Disfruto de cada loja, de cada fachada e atravesso as várias pontes. Bruges tem muitos turistas mas ainda há espaço para todos.

Já ao fim do dia, debruçada numa ponte, vejo chegar um grupo de turistas brasileiros. Uma senhora com alguma idade chega-se perto e espreita para a água. Comenta o constante passar de barcos e após um olhar pensativo, lança a pergunta: “Será que tem jacaré aí?” Ainda hoje sorrio quando a recordo.
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