Construído sobre uma antiga fortaleza romana, o Alcázar de Segóvia é dos monumentos mais visitados em Espanha.
Tinha 10 anos quando me ofereceram uma enciclopédia geográfica. Na contra capa, a imagem do Alcázar de Segóvia, imponente sobre a rocha, com os seus telhados pontiagudos. Durante anos, esta imagem alimentou o meu imaginário de histórias de reis, príncipes e princesas, como se de um castelo encantado se tratasse.
Percorrendo uma Segóvia ainda adormecida, chego à fortaleza antes da hora de abertura. O sol espreita com alguma timidez mas quando ilumina a Torre de João II é um espetáculo magnífico.
Começam a juntar-se pequenos grupos que disfrutam da beleza panorâmica do miradouro. Daqui pode ver-se o Convento das Carmelitas Descalças, a Igreja de Vera Cruz ou o Mosteiro Santa Maria del Parral. Em frente ficam os jardins com o Monumento Comemorativo aos Heróis do 2 de Maio.
Apesar da construção do Alcázar de Segóvia se ter iniciado no século XI, foi sendo aumentado ao longo do tempo, o que levou a que tivesse várias funções. No interior, do lado direito do Pátio das Armas pode visitar-se o Museu de História do Real Colégio de Artilharia, com documentos e objetos de exposição.
Na parte mais antiga fica a Sala do Palácio Velho ou Sala dos Cavalos. O nome deve-se ao conjunto de armaduras equestres exposta, quanto a mim apenas superada pela Real Armaria do Palácio Real de Madrid. Nas paredes ainda é possível ver algumas das antigas pinturas de influência muçulmana.
Passando a Sala da Chaminé entro na Sala do Trono, em tons vermelhos, com o escudo dos reis católicos na sanefa.
A Sala da Galera é das mais importantes. Ao fundo, o painel da autoria de Muñoz de Pablos retrata a Proclamação de Isabel a Católica como Rainha de Castela e Leão. O teto mandado fazer por Catalina de Lancaster dá o mote para o nome da sala.
Há vários vitrais que representam os reis de Castela. Iluminam o espaço interior e enaltecem para a posteridade a História de Espanha.

Na Câmara Régia há dois pormenores a destacar: as armas de Joana de Portugal e uma pequena estátua de Santo António. Aqui tem-se acesso direto à Sala dos Reis, a principal do Alcázar de Segóvia. A decoração do teto, o friso com as efígies dos reis ou o quadro com a representação da Conquista de Cádiz por Afonso, o Sábio fazem dela uma dos espaços mais bonitos.
A Capela é dos lugares mais íntimos. As paredes estão decoradas com tecidos, azulejo e pedra e o altar mor tem um retábulo do século XVI com cenas do Novo Testamento.
Atravessando a Ante-capela acedo ao Pátio do Poço, onde termina o canal de água proveniente do aqueduto de Segóvia. Elevando o olhar, pode admirar-se a beleza das suas torres e pináculos. A imensidão da paisagem segoviana em todo o seu esplendor está diante de mim.
Quando saí detive-me um pouco defronte da Torre de João II. O Sol venceu as nuvens. Começam as chegar os primeiros grupos organizados e de maiores dimensões. Afinal, chegar cedo tem as suas vantagens. Recordo a minha passagem pela cidade medieval de Carcassonne e estabeleço alguns paralelismos. Agora é tempo de partir para outros castelos e palácios encantados.
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